Entrevista com Ivan Alves Filho,Historiador com vários publicados,militante comunista há muitos anos e atualmente militante do Partido Popular e Socialista.Esta entrevista inaugura na programação da radio conhecimento o ciclo de entrevistas culturais e políticas.
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1) Ivan,quais as
perspectivas que você vê para o socialismo de Marx ainda hoje?
- Acredito que a
questão da construção da sociedade sem classes esteja ainda mais atual hoje do
que em 1917, ao menos no que tange à base material, infinitamente mais
avançada, com o advento da automação. Essa automação é a base material do
comunismo. Contudo, perdemos momentaneamente as condições políticas de operar
essa transformação. Afinal, as forças produtivas não caminham sozinhas. A
necessidade de se elaborar um projeto político para essa nova realidade que se
manifesta na esfera produtiva é o grande desafio.
2)Quais são as
tarefas da esquerda hoje?
- Acho que devemos
trabalhar com a noção de campo democrático. E esse campo tem três grandes
objetivos pela frente a meu juízo: defender de forma intransigente a ética,
colocar-se à frente das lutas pela justiça social e nunca arredar pé da
Democracia, entendida como um longa conquista do processo civilizatório.
3)Você é
municipalista? Porquê?
- Sou pela necessária
ligação entre a esfera da representação democrática e todas as formas de
participação popular pela base. O poder local - que não se confunde com o poder
municipal, uma vez que incorpora várias formas de atuação, como nos pontos de
trabalho e estudo, por exemplo - é uma rica contribuição ao alargamento da
Democracia, à Radicalidade Democrática em todos os planos da vida social. Não
vejo motivo para opor o plano nacional ao local.
4)Você não acha que
ser municipalista faz o partido perder a visão nacional que precisa ter?
- De forma alguma.
Creio já ter respondido a essa questão mais acima.
5)E o PPS,qual o
papel do PPS na conjuntura brasileira atual?
- O Partido Comunista
Brasileiro teve uma atuação importantíssima ao longo do século XX entre nós.
Ajudou a organizar o mundo do trabalho, a defender a Democracia e, também, a
organizar o mundo da cultura. Foi esse o tripé. E o Partido Popular Socialista,
enquanto herdeiro de boa parte da história do PCB, procura dar continuidade a
esses fundamentos da militância comunista. Houve muitas mudanças, naturalmente.
Algumas até questionáveis - nós não temos, por exemplo, uma Secretaria de
Organização e isso é muito grave, não ajuda a organizar a política.
Essencialmente, nós, do PPS, sabemos detectar o novo, desatar o nó da
conjuntura, como fazemos agora, quando defendemos o Estado Democrático de
Direito e a Lava-Jato, uma espécie de Revolução Burguesa sem Robespierre, pela
via jurídica, como venho salientando.
6)Você mantém
a sua visão sobre o papel crucial das cidades nas mudanças
essenciais do mundo de hoje?
- Creio que os
conflitos sociais se deslocaram das portas das fábricas para o conjunto do
tecido urbano. A dificuldade toda está em construir uma política para
interesses tão diferentes. Qual o denominador comum disso tudo? Acredito que os
partidos têm um desafio formidável pela frente.
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