sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Entrevistas:IVan Alves Filho



Entrevista com Ivan Alves Filho,Historiador com vários publicados,militante comunista há muitos anos e atualmente militante do Partido Popular e Socialista.Esta entrevista inaugura na programação da radio conhecimento o ciclo de entrevistas culturais e políticas.



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1) Ivan,quais as perspectivas que você vê para o socialismo de Marx ainda hoje?
- Acredito que a questão da construção da sociedade sem classes esteja ainda mais atual hoje do que em 1917, ao menos no que tange à base material, infinitamente mais avançada, com o advento da automação. Essa automação é a base material do comunismo. Contudo, perdemos momentaneamente as condições políticas de operar essa transformação. Afinal, as forças produtivas não caminham sozinhas. A necessidade de se elaborar um projeto político para essa nova realidade que se manifesta na esfera produtiva é o grande desafio. 

2)Quais são as tarefas da esquerda hoje?
- Acho que devemos trabalhar com a noção de campo democrático. E esse campo tem três grandes objetivos pela frente a meu juízo: defender de forma intransigente a ética, colocar-se à frente das lutas pela justiça social e nunca arredar pé da Democracia, entendida como um longa conquista do processo civilizatório. 

3)Você é municipalista? Porquê?
- Sou pela necessária ligação entre a esfera da representação democrática e todas as formas de participação popular pela base. O poder local - que não se confunde com o poder municipal, uma vez que incorpora várias formas de atuação, como nos pontos de trabalho e estudo, por exemplo - é uma rica contribuição ao alargamento da Democracia, à Radicalidade Democrática em todos os planos da vida social. Não vejo motivo para opor o plano nacional ao local.

4)Você não acha que ser municipalista faz o partido perder a visão nacional que precisa ter?
- De forma alguma. Creio já ter respondido a essa questão mais acima.

5)E o PPS,qual o papel do PPS na conjuntura brasileira atual?
- O Partido Comunista Brasileiro teve uma atuação importantíssima ao longo do século XX entre nós. Ajudou a organizar o mundo do trabalho, a defender a Democracia e, também, a organizar o mundo da cultura. Foi esse o tripé. E o Partido Popular Socialista, enquanto herdeiro de boa parte da história do PCB, procura dar continuidade a esses fundamentos da militância comunista. Houve muitas mudanças, naturalmente. Algumas até questionáveis - nós não temos, por exemplo, uma Secretaria de Organização e isso é muito grave, não ajuda a organizar a política. Essencialmente, nós, do PPS, sabemos detectar o novo, desatar o nó da conjuntura, como fazemos agora, quando defendemos o Estado Democrático de Direito e a Lava-Jato, uma espécie de Revolução Burguesa sem Robespierre, pela via jurídica, como venho salientando. 


6)Você  mantém a  sua visão sobre o papel  crucial das cidades nas mudanças essenciais do mundo de hoje?
- Creio que os conflitos sociais se deslocaram das portas das fábricas para o conjunto do tecido urbano. A dificuldade toda está em construir uma política para interesses tão diferentes. Qual o denominador comum disso tudo? Acredito que os partidos têm um desafio formidável pela frente. 




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